Novos sertanejos acreditam que beleza é mais importante do que voz na busca do sucesso

Com pinta de modelo, Lucas Lucco é a nova aposta do empresário Sorocaba, da dupla Fernando e Sorocaba

Corpo sarado, corte de cabelo impecável, roupas coladas e sex appeal. São essas as características que fazem parte da atual cartilha de estilo dos cantores do sertanejo universitário. E, para alguns deles, a aparência é mais importante até mesmo do que a voz.
A nova aposta do escritório FS produções - comandado pela dupla Fernando e Sorocaba - o cantor Lucas Lucco é um dos artistas que surge na cena de olho na beleza e com uma proposta curiosa: mostrar nos shows seu "lado cafajeste, safado, animado e romântico". Comparado a Gusttavo Lima, Lucas, de 22 anos, já foi modelo e começou a cantar em bares no interior de Goiás. Hoje, com mais de cem fã-clubes espalhados pelo Brasil e mais de 115 mil seguidores na rede de compartilhamento de fotos Instagram, ele exibe o corpão e recebe cantadas das mulheres nos shows e na internet.

"O quesito voz é o que menos influencia, infelizmente. Já vi talentos absurdos por onde passei e não tiveram a oportunidade por ter um vozerão" - Mariano
"A beleza tem ajudado muito, porque quem não me conhece e vai ver as minhas fotos se interessa pelo visual e a partir daí começa a ouvir o meu som", explicou Lucas.
Lucas vem no embalo de sertanejos como Mariano, da dupla Munhoz e Mariano, que se destacou pelo rebolado e coreografia para "ficar doce" em "Camaro Amarelo", uma das músicas mais tocadas nas rádios em 2012. Para o cantor, sua beleza e os movimentos sensuais "prejudicaram muito" no início da carreira. "Sofri preconceito. Falavam que eu só sabia rebolar, mas isso foi acabando a partir do momento que ouviram o nosso CD completo e viram que 90% das músicas são românticas".
Mariano acredita que hoje a beleza superou a importância da voz no mercado sertanejo. "O quesito voz é o que menos influencia, infelizmente. Já vi talentos absurdos por onde passei e que não tiveram a oportunidade por ter um vozerão. Acho que o repertório conta mais do que a voz e a interpretação. E tem que ter um empresariado bacana também", disse o cantor, que coloca a voz em quinto lugar em seu ranking de importância.
Para o produtor musical Rick Bonadio --por trás de trabalhos com bandas como CPM 22, Mamonas Assassinas e NX Zero-- outros quesitos ainda são mais fortes do que a beleza para se atingir sucesso no meio musical. "Tem que ter talento, voz e, acima de tudo, estrela. Beleza é um complemento, uns 30%. A maioria dos sucessos de hoje tem uma qualidade vocal excelente".

"Uma superprodução vale bastante, mas não adianta se você não estudar e não tiver talento. Uma hora você descobre que isso é só um teatro" -Roberto Maia
Outro bonitão sertanejo, Roberto Maia se importa com o corpo, mas estuda canto diariamente. Prestes a lançar seu segundo CD, "Meu Som", ele decidiu se distanciar um pouco do estilo mais romântico e migrar para "o que o povo quer ouvir", a vertente universitária. "Você tem que estar preparado para as críticas. Você só tem uma chance para mostrar que é bom".
Roberto é da turma que acredita que é preciso investir no visual para se dar bem no mundo sertanejo. Faz academia todos os dias, tem uma alimentação regrada e se preocupa com o corte de cabelo, mas descarta o rótulo de metrossexual. "O meu estilo é o de São Paulo. Até me perguntam se eu canto sertanejo mesmo, porque meu estilo de roupas está mais para rock do que sertanejo".
Para manter a forma e não engordar, Mariano diz que precisa "pegar pesado" na academia. "Meu apelido é 'toiço'. Tenho que tomar muito cuidado para não engordar, até por isso que não posso tomar suplementação. É só treino mesmo". Lucas Lucco tem personal trainer e stylist para aperfeiçoar o visual. "Leio muito blogs, invisto em roupas legais e agora tenho uma personal stylist, que me ajuda nisso".
Para Bonadio, a "fábrica de estilos dos sertanejos" é uma fenômeno natural nesse mercado, que está forte e "tem muita gente tentando nessa área". "Quando um estilo se destaca, é normal que apareçam muitos pretendentes a sucesso. Mas isso, às vezes, é um pouco ilusório, porque a concorrência também aumenta demais".

Fonte: Rondônia Dinâmica